Resenha | AS CRÔNICAS DE BANE, por Cassandra Clare (em coautoria com Sarah Rees Brennan e Maureen Johnson)
Ficha Técnica
[Universo dos Caçadores de Sombras]; Spin-off
Gênero: Young Adult/ Baixa Fantasia/ Contos
Publicação: 2015
Editora: Record/ Galera
390 páginas
Sinopse
Entre escapadas no Peru e resgates reais na Revolução Francesa, acompanhe fragmentos da vida do enigmático mago ocorridos em diversos países e períodos históricos, com aparições de figuras conhecidas como Clary, Tessa, Will e Alec, personagens de Os Instrumentos Mortais e As Peças Infernais.
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Resenha
Este é um spin-off de Instrumentos Mortais (IM) com as desventuras de Magnus ao longo dos séculos. Nesses contos, o que mais temos é a expansão do universo de Cassandra Clare do que qualquer outra coisa. A maioria é bastante divertida e como não poderia deixar de ser, tem o Magnus aprontado bastante; mas no geral, age apenas como um complemento daqueles mais apegados à série.
Os contos estão profundamente interligados aos livros do universo dos caçadores de sombras, portanto se a sua ideia é dar uma espiada para saber se vai gostar das séries, talvez não seja uma boa pedida começar nele. E não só pelos spoilers – tanto de IM quanto de Peças Infernais (PI) –, mas também porque seria bastante confuso cair de paraquedas nessas histórias encharcadas de referências.
Devo dizer que não me empolguei muito com esse livro. Não por Magnus em específico; ele é um personagem espetacular, mas talvez porque eu tenha me habituado tanto a vê-lo junto a Alec e os demais que senti ele meio avulso; pareceu faltar algo mais. De qualquer modo, não haveria como mostrar contos através dos séculos com muita participação de personagens que nasceram no século XX, então de qualquer modo, minha carência pelos outros realmente não poderia ter sido atendida.
Mas admito que apesar de não ter sido o melhor que já li da autora, tem seus pontos positivos. Um deles é que, apesar de muito divertido, traz ao mesmo tempo, situações bastante desconfortáveis que Magnus vivenciou. E ele, por sua vez, sempre me encanta por sua personalidade invariavelmente otimista, mesmo perante as situações mais esdrúxulas possíveis. Magnus vê beleza em quase tudo, seja um homem, uma mulher ou mesmo uma peça elegante de roupa. Ele permite ao leitor ter um novo olhar sobre os caçadores de sombras, como são multifacetados e nem sempre lisonjeiros, além de fornecer uma visão mais completa desse universo ao nos apresentar mais do Submundo. Depois de passar por desgostos e aventuras com Magnus, posso dizer que em resumo seu otimismo e energia são simplesmente cativantes.
Minhas partes favoritas deste livro nem foram os momentos dos meus queridos personagens já conhecidos de IM ou PI, nem mesmo ter finalmente mais momentos de Malec. Foram os momentos de interação com Ragnor. Realmente não esperava que ele fosse aquele ranzinza tão divertido, o que aliás foi o que salvou o primeiro conto, que achei especialmente arrastado principalmente para uma história de abertura.
O que realmente aconteceu no Peru – Essa foi a história que menos me agradou, e que foi responsável por me fazer protelar séculos para continuar a leitura. Então, quando fui na cara e na coragem e consegui – enfim – terminá-la, o restante fluiu com mais facilidade. Como disse antes, o que salva aqui é entender mais da amizade entre Magnus, Ragnor e Catarina (especialmente esse palhaço do Ragnor), pois de resto só temos voltas e mais voltas sem sair do lugar.
A Rainha Fugitiva – Sempre que vejo uma ficção que dá alguma “versão alternativa” de algum evento histórico, me chama atenção. Sempre gostei disso em quadrinhos e aqui não ficou atrás, principalmente com planos mirabolantes que não saem nada como o combinado.
Vampiros, bolinhos e Edmund Herondale – É só ver o sobrenome Herondale que eu já fico toda feliz para saber mais. Este conto não só nos dá um vislumbre das origens dos pais de Will Herondale, mas também apresenta as negociações originais dos acordos – foram bem diferentes do que eu imaginava – e apresenta alguns personagens mencionados apenas de passagem nas séries.
O Herdeiro da Meia-Noite – Vemos Will, Tessa e Jem, além de um Magnus bancando a babá de James Herondale, vulgo “rei dos patos”, que aparentemente se encontra desolado por algum motivo. Também descobrimos o que acontece com Tatiana Blackthorn após o incidente com o "verme" e aprendemos sobre sua filha adotiva, que é personagem de As Últimas Horas.
A Ascenção do Hotel Dumort – Foi divertido ver Magnus gerenciando um bar clandestino em meio à chegada da Grande Depressão; como se não bastasse, ainda tem momentos assustadores envolvendo um velho feiticeiro. O ponto forte desta história é o ar de mistério e como o Hotel Dumont se tornou “Dumort”, mas não há grandes conexões entre os assuntos abordados, o que pode ser considerado negativo para alguns leitores. Eu particularmente gostei pelo clima e por termos mais da loucura que é a vida de Magnus.
Salvando Rafael Santiago – Aqui eu lembrei o quanto eu gostava do irritante Raphael, e passei a gostar ainda mais, ao ver de perto o quanto sua história é comovente. Complementa o que sabemos sobre o vampiro e também nos traz mais informações sobre como o Hotel Dumort se tornou um covil de vampiros.
[...] O amor não superava tudo. O amor nem sempre durava. Tudo que você tinha podia ser arrancado, o amor poderia ser tudo que lhe restava, e, em seguida, também poderia ser arrancado. [...]
A Queda do Hotel Dumort – Esse foi bem interessante, mostrando como hábitos mundanos podem afetar também os seres mágicos, e há a participação de Camille. O final foi bem inesperado e um tanto triste.
O que comprar para o Caçador de Sombras que já tem tudo (mas que você não está namorando oficialmente) – Sempre achei que faltou mais desenvolvimento do relacionamento entre Magnus e Alec em IM, e possivelmente isso explica o porquê de eu não ter tanto interesse neles dois como casal – além do fato de Alec ter aprontado demais, na minha opinião. Mas ainda assim esse conto é bem divertido, e mostra a evolução dos sentimentos dos dois, e tem alguns momentos fofos, o que me agradou bastante. Para completar, as brincadeiras entre Magnus e Izzy e a presença do inconveniente e hilário demônio no apartamento de Magnus durante toda a história tornam tudo ainda melhor.
[...] Mesmo os Caçadores de Sombras que Magnus havia conhecido e de quem tinha gostado foram, todos eles, um sundae de problemas com cerejas secretas e sombrias na cobertura. [...]
A última batalha do Instituto de Nova York – Eu realmente não esperava ler uma história completa sobre Valentim e o Círculo, mas aqui estamos nós e devo dizer que ele era realmente desprezível e seu grupo totalmente fanático. Isso realmente deixa claro que a noção de justiça entre os caçadores de sombras pode ser ambígua, afinal antes de ser tomada quaisquer atitudes, eles já haviam feito coisas terríveis. E o que mais me chamou atenção de modo positivo foi a breve abordagem do texto apontando a acentuação da homofobia em decorrência do surgimento da AIDS, já que o aumento paranoia fez com que as pessoas se vissem no direito de externar mais violentamente seus preconceitos.
[...] A epidemia do momento. Em vez de demonstrarem compaixão, bom senso ou solidariedade, muitas pessoas encaravam a clínica com ódio e nojo. [...]
Os Rumos do amor verdadeiro (e os primeiros encontros) – Se você é um grande fã de Malec, provavelmente vai adorar o primeiro encontro de Magnus e Alec. Foi uma graça vê-los tímidos e constrangidos à sua maneira, e interessante a tensão de Magnus trazendo Alec para um restaurante do Submundo.
O correio de voz de Magnus Bane – Essa foi uma maneira divertida de terminar o livro, com um monte de mensagens de voz hilárias que são deixadas para Magnus depois dos eventos que aconteceram em Cidade das Almas Perdidas.
Visão Geral *
* média dos 11 contos
Em Suma
Divertido. Tocante. Escrita Cativante | 7,8
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