Resenha | MULHERZINHAS, por Louisa May Alcott

Capa do livro resenhado

Ficha Técnica

Gênero: Infantojuvenil/ Romance Histórico
Primeira Publicação: 1868
Publicação: 2019
Editora: Zahar/ Clássicos Zahar
600 páginas *

* Dividi a resenha em duas partes, pois há editoras que publicam separadamente os dois volumes (Esta resenha se refere aos 23 capítulos iniciais)

Sinopse

Dezembro de 1861, Massachusetts. Meg, Jo, Beth e Amy March enfrentam seu primeiro Natal sem o pai, que serve na Guerra Civil. É o marco inicial da jornada de formação das quatro irmãs, e Mulherzinhas as acompanha nesse processo até a vida adulta. Entre alegrias e aflições, desafios e conquistas, perdas e aprendizados, crescemos com elas...

O romance tem sensibilidade, humor e pulso e mostra que um universo familiar e cotidiano pode ser o celeiro de mudanças importantes, ao defender – sem falsa moralidade – princípios como a virtude acima da riqueza, a equidade entre os gêneros e a realização individual sem prejuízo do bem coletivo.

Essa edição traz o texto integral, centenas de notas, apresentação e cronologia de vida e obra de Alcott, além de cerca de 130 ilustrações consagradas de Frank T. Merrill.

Compre e Leia


Resenha

Com uma narrativa em terceira pessoa, em Mulherzinhas acompanhamos quatro irmãs em um período de superações, amadurecimento e momentos familiares com suas dificuldades financeiras durante a Guerra Civil Americana.

Meg, Jo, Beth e Amy March tem cada uma sua particularidade, sendo: Meg delicada e bonita, Jo impetuosa, Beth um doce de menina e Amy uma pequena mimada; a principal preocupação de sua mãe, Sra. March, é lhes dar ensinamentos sobre valores familiares e orientações sobre o que devemos ter como importante na vida.

[...] a presunção estraga o melhor gênio. Não há perigo de o verdadeiro talento ou bondade ser ignorado por muito tempo; e, mesmo que seja, a consciência de possuí-lo e usá-lo bem deve satisfazer quem o tem. O grande encanto de todo poder é a modéstia. [...]

A minha favorita é Jo March – baseada na própria autora –, que é uma mocinha bem à frente de seu tempo, e tem que lidar com seu espírito livre em meio a um tempo que as mulheres eram obrigadas a ter suas escolhas podadas a todo custo. Sua sorte é ter uma família muito amável e uma mãe que lhe dá preciosos conselhos, muito necessários para uma moça com tal personalidade naquelas circunstâncias.

[...] – Jo usa mesmo essas palavras! – observou Amy, com um olhar de reprovação para a longa figura esticada no tapete. Jo sentou-se imediatamente, pôs as mãos nos bolsos do avental e começou a assoviar.
– Pare com isso, Jo. É coisa de menino!
– Mas é por isso que eu assovio.
– Detesto meninas sem educação, que não se comportam como senhoritas!
– E eu odeio borboletinhas bobas e afetadinhas! [...]”

“[...] – Nunca aceito conselhos! Não consigo ficar parada o dia inteiro. Também não sou uma gatinha para ficar cochilando do lado do fogo. Gosto de aventuras e vou encontrar uma. [...]

Com as meninas e seu vizinho Laurie, seu companheiro de aventuras, podemos perceber seu crescimento e chegada à vida adulta. Assim como fora da ficção, essa história varia de momentos muito divertidos à emoção, com um foco especial às suaves e essenciais lições e reflexões sobre família e o destino dessas meninas.

[...] – Vamos lá, agora vou tirar os papelotes, e você vai ver uma nuvem de pequenos cachos – disse Jo, guardando a tenaz. Ela abriu os papelotes, mas nenhuma nuvem de cachos apareceu, pois o cabelo saiu com os papelotes, e a cabeleireira horrorizada dispôs uma fila de trouxinhas chamuscadas na escrivaninha diante de sua vítima.
– Oh, oh, oh! O que você fez? Você acabou comigo! Não posso mais ir! Meu cabelo, ai, meu cabelo! – lamentou-se Meg, olhando com desespero para o frisado irregular na testa. [...]”

“[...] O trabalho é saudável e há o bastante para todas. Isso nos mantém livres do tédio e do mal, faz bem para a saúde e os espíritos; e nos dá uma sensação de poder e independência maior do que o dinheiro ou a moda. [...]

Esse livro é um clássico da literatura mundial e que vale a pena ser lido, pois nos permite um breve panorama de uma família — particularmente moderna e esclarecida no caso dessa obra — que viveu no século XIX. Naquele século, ideias feministas não eram tão incisivas, até porque isso poderia custar a publicação e/ ou a popularidade da obra, mas ao longo da leitura é claro o quanto a autora defende algum nível de independência, mesmo que por vezes, mais emocional do que financeira, já que não havia como lutar tanto assim contra a força do patriarcado naquele tempo; ainda assim, percebemos diferença quanto ao pensamento corrente àquela época.

[...] é melhor sermos velhas solteironas felizes do que esposas infelizes, ou moças sem modos de dama correndo para encontrar um marido – cravou a sra. March. – Não se preocupe, Meg, a pobreza raramente assusta um admirador sincero. [...] Lembrem-se de uma coisa, minhas filhas. Sua mãe está sempre pronta para lhes servir de confidente, e o seu pai para lhes ser amigo; e nós dois temos a esperança e a confiança de que nossas filhas, casadas ou solteiras, serão o orgulho e o conforto de nossas vidas. [...]

Neste volume estão incluídos os dois livros sobre a família March: Mulherzinhas e Boas Esposas/ Mulherzinhas II, divididos em duas partes; foram publicados originalmente em 1868 e 1869 e unidos a partir de 1880. Aqui no Brasil há algumas editoras que publicam os livros separadamente, mas em todo o mundo a publicação é igual a esta que foi publicada pela Zahar. Eu decidi dividir a resenha em duas partes para facilitar para quem estiver com as edições divididas.

Curiosidades

  • Tem inspiração autobiográfica;
  • Foi feito a pedido, com objetivo de ser um “livro para garotas” e por isso, escrito sem muitas pretensões pela autora;
  • Existem continuações: Boas Esposas/ Mulherzinhas II (que nesta edição foi publicado junto à Mulherzinhas), Homenzinhos (do inglês Little Men, mostrando a vida de seus filhos quando crianças) e Jo e os Rapazes (do inglês Jo's Boys, mostrando a vida dos filhos de Jo e de suas irmãs, já adultos);
  • Há algumas adaptações cinematográficas. A mais recente é de 2019, sob o título de “Adoráveis mulheres”, com direção de Greta Gerwig.

Visão Geral

Plot 8,5
Personagens 9
Impacto Pessoal 9
Final 8

Em Suma

Indispensável. Vibrante. Aquece o coração | 8,6

Compre e Leia

Comentários

Postagens mais visitadas